quarta-feira, dezembro 23, 2009

Der Panther - Rainer Maria Rilke

Aqui deixo "A Pantera", um dos poemas que mais prazer me deu descortinar enquanto, ainda, estudante de literatura...
Sinto que desde que a conheci travámos uma relação íntima e atrevo-me mesmo a dizer que temos algumas coisas em comum.
No outro dia foi bom recordá-la e aqui está ela...



Der Panther
Im Jardin des Plantes, Paris

Sein Blick ist vom Vorübergehn der Stäbe
so müd geworden,dass er nichts mehr hält.
Ihm ist, als ob es tausend Stäbe gäbe
und hinter tausend Stäben keine Welt.

Der weiche Gang geschmeidig starker Schritte,
der sich im allerkleinsten Kreise dreht,
ist wie ein Tanz von Kraft um eine Mitte,
in der betäubt ein grosser Wille steht.

Nur manchmal schiebt der Vorhang der Pupille
sich lautlos auf -. Dann geht ein Bild hinein,
geht durch der Glieder angespannte Stille -
und hört im Herzen auf zu sein.

-:-

Tradução de Paulo Quintela, na minha opinião um dos melhores tradutores e interpretes de literatura alemã:

A PANTERA
(No Jardin des Plantes, Paris)

O seu olhar, do repassar das barras,
cansou-se tanto que já nada retém.
É como se houvesse um milhar de barras
e para lá das barras nenhum mundo.

O brando andar de passo forte e dúctil
que se move no mais estreito círculo
é dança de força à volta de um centro
em que está aturdido um grande querer.

De onde a onde abre a cortina das pupilas
silenciosa -, então entra uma imagem,
passa pela calma tensa dos membros -
e cessa de existir no coração.

(Trad. Paulo Quintela)