Quando a cama parte…
Por ser de noite, muitos de vós devem estar a dirigir-se para a cama, pois que amanhã é dia de trabalho. Espera-vos um sono pacífico ou um sono atribulado ou mesmo uma insónia. Tudo dependerá não só do vosso estado psíquico, mas também da cama que tiverem.
Não pretendo, com este apelo, chamada de atenção, fazer publicidade à Moviflor onde actualmente trabalha — e tenho algum pejo em admiti-lo — o homem com quem o meu progenitor foi apanhado na cama pela mulher que me trouxe ao mundo. Não pretendo atentar em promoções de armazéns de móveis nem zelar pelo bem-estar da vossa coluna com o apregoar sistemático das novas tecnologias aplicadas a colchões. Nem tão pouco me preocupo minimamente com a vossa saúde.
A minha intenção é somente reflectir sobre camas. Eu tenho um coração enorme que me faz gostar de muitas pessoas e adorar ir para a cama com elas. Oh, e na cama podem fazer-se imensas coisas. Para além de dormir que é, digamos, a funcionalidade oficial de uma cama, podemos: ingerir alimentos e bebidas, reflectir introspectivamente em questões sobre a existência, ler um bom livro, ouvir um bom disco de olhos abertos ou fechados, falar ao telefone, navegar no mundo cibernético, tocar algum instrumento, pintar as unhas, sonhar alto, fumar, brincar com os genitais, enfim, uma mão cheia de actividades de auto-satisfação.
Eu gosto de camas. Mas não há bela sem senão. Tudo se complica nas actividades de grupo, como fornicar ou ver filmes. Grande parte das camas (porque, queiramos ou não, há imensas coisas que dependem da fisionomia, do aspecto, da aparência, da constituição) é sensível a movimentos bruscos e pode rebelar-se contra gestos mais ou menos agressivos.
Oh, eu hoje — e não me perguntem como, porque das duas uma — parti a cama.
Quando a cama parte é um grande susto.
Um beijo, Laura Rouge.
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