terça-feira, março 23, 2010

Head First is out now!


Ontem foi o grande dia.
O quinto album dos meus Goldfrapp - HEAD FIRST saiu finalmente. Para completar este dia feliz fiquei a saber que a dupla britânica vai estar presente no festival Mares Vivas - Gaia em Julho...
Não posso acreditar que é desta que os vou poder ver....! Tão perto e ainda tão longe!

Li este texto sobre Goldfrapp e partilho assim:
A sonoridade obscura e complexa do disco Felt Mountain, que deu partida na carreira da dupla Alison Goldfrapp e Will Gregory, e a musicalidade "lambuzada" de todas as possíveis combinações do electrónico com o pop, adoptada por eles nos dois discos posteriores – Black Cherry e Supernature -, ganhou seu meio-termo nas melodias de contornos subtis entre o folk e o electrónico do álbum Seventh Tree, lançado em 2008, servindo assim como um resumo do que a dupla já tinha produzido até então. Sem muito o que inventar no seu campo de actuação musical, os dois resolveram voltar os seus olhos (e ouvidos) ao passado, buscando nos anos 80 a inspiração para o novo disco, Head First. Inspiração é até um termo um tanto inexacto, já que o disco cai de cabeça no estilo dominante do pop daqueles já distantes anos. Isso é para lá de perceptível já na abertura do disco, “Rocket”, por conta dos "volteios" caudalosos dos sintetizadores e o beat comportado escandalosamente "surropiados" dos grandes hits da época. O artifício prossegue sem receios em “Alive”, porém aqui, além do groove pop e dos teclados cintilantes, há também a participação de acordes de piano e riffs de guitarra e baixo que bem poderiam ter servido de trilha para aqueles filmes em que os jovens da época enfrentavam os obstáculos mais tolos para só então perceber que o amor morava o tempo todo ao lado. “I Wanna Life”, mais ao final do disco, também fica na minha cabeça como soundtrack de sessão de cinema de sábado, mas a programação mais reflexiva das sintetizações, cheia de claps marcantes, e o vocal mais contido, com refrão marcado pela título da canção, me soa mais como aquelas sequências que preparam a “virada” do protagonista de um daqueles romances urbanos que mostram a busca da felicidade e do sucesso. Fazendo um pouco diferente, “Dreaming” sai um pouco do 80’s americano e envereda por uma programação electrónica e sintetizações mais harmoniosas que caem nos ouvidos lembrando a combinação de ambientação e cadência subtilmente dançante matadora da New Wave europeia – pense em algo feito há muito tempo por Depeche Mode e você vai ter ideia do que se trata. Os toques doces e nostálgicos de piano voltam para dar partida à faixa-título do disco, “Head First”, apoiados por ondas de sintetizadores e vocais tingidos da primeira a última nota nas harmonias que tanto se ouvia na frequências das FMs. Apesar do banho de atmosfera vintage, há em uma ou outra canção um certo vento de contemporaneidade, já que a batida quente que pulsa como base para a melodia, os samplers e loops que pontuam o refrão, a sintetizações que inundam a ponte melódica e o vocal aveludado à meia-voz de Alison em “Shiny and Warm” vibram na tonalidade inconfundível da sonoridade que lançou a dupla britânica à notoriedade tanto no segundo quando no terceiro álbum. Agradável aos ouvidos nos primeiros contactos, um disco que se "transveste" com tanta firmeza com um som tão datado e não insere suficiente carácter de contemporaneidade corre o risco quase certeiro de cansar com o passar do tempo. Isso não ocorreria por ausência de qualidade, já que não é o caso, mas apenas porque a música que serve de referência tem uma identidade muito forte, fazendo quem ouve Head First se questionar se não seria melhor folhear o passado logo de uma vez e ouvir aquilo tudo que serviu de fonte para o duo Goldfrapp neste álbum. Mas mesmo que o déjà vu sonoro da dupla tenha essa consequência, o simples facto de jogar alguma luz para os ouvintes de hoje sobre a música da década de 80 já um fatco bastante positivo. Apesar de considerado por muitos um período artisticamente fraco, se comparado com o que temos hoje, mesmo aqueles hits "grudentos e batidinhos" que ouvíamos tanto são um bálsamo para os ouvidos – e mesmo para o cérebro.

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